Hum... um plágio a um grande poeta...
Não sei se me identifico com este poema... não sei realmente o que pensar ou sentir quando leio este texto... mas foi o que eu tive a dizer a um Amigo... e acho que faz sentido estar aqui... e talvez estar aqui agora!
Ontem a Tarde (Alberto Caeiro)
Ontem a tarde um homem das cidades
Falava a porta da estalagem.
Falava comigo tambem.
Falava da justica e da luta para haver justica
E dos operarios que sofrem,
E do trabalho constante, e dos que tem fome,
E dos ricos, que so tem costas para isso.
E, olhando para mim, viu-me lagrimas nos olhos
E sorriu com agrado, julgando que eu sentia
O odio que ele sentia, e a compaixao
Que ele dizia que sentia.
(Mas eu mal o estava ouvindo.
Que me importam a mim os homens
E o que sofrem ou supoem que sofrem?
Sejam como eu — nao sofrerao.
Todo o mal do mundo vem de nos importarmos uns com os outros,
Quer para fazer bem, quer para fazer mal.
A nossa alma e o ceu e a terra bastam-nos.
Querer mais e perder isto, e ser infeliz.)
Eu no que estava pensando
Quando o amigo de gente falava
(E isso me comoveu ate as lagrimas),
Era em como o murmurio longinquo dos chocalhos
A esse entardecer
Nao parecia os sinos duma capela pequenina
A que fossem a missa as flores e os regatos
E as almas simples como a minha.
(Louvado seja Deus que nao sou bom,
E tenho o egoismo natural das flores
E dos rios que seguem o seu caminho
Preocupados sem o saber
So com florir e ir correndo.
E essa a unica missao no Mundo,
Essa — existir claramente,
E saber faze-lo sem pensar nisso.
E o homem calara-se, olhando o poente.
Mas que tem com o poente quem odeia e ama?